sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Zero Um. Zero Nove. Dois Zero Um Sete



"Nunca nos fixamos no tempo presente. Antecipamos o futuro como demasiado lento a chegar, como para apressar o seu andamento. Ou lembramos o passado, para o determos como demasiado rápido: tão imprudentes que erramos em tempos que não são nossos e não pensamos no único que nos pertence. E tão fúteis que pensamos naqueles que não são nada e fugimos sem reflexão ao único que subsiste. E que o presente por norma nos fere. Escondemo-lo aos nossos olhos, porque nos aflige. E, se nos é agradável, lamentamos vê-lo fugir. Procuramos detê-lo pelo futuro e pensamos em dispor as coisas que não estão no nosso poder por um tempo a que não temos qualquer certeza de chegar.
Que cada qual examine os seus pensamentos.
Encontrá-los-á todos ocupados pelo passado e pelo futuro. Quase não pensamos no presente. E, se pensamos nele, é apenas com a intenção de aí procurar a luz para dispor do futuro. O presente nunca é o nosso fim: o passado e o presente são os nossos meios. Só o futuro é o nosso fim. Assim, nunca vivemos, mas esperamos viver. E, dispondo-nos sempre a ser felizes, é inevitável que nunca o sejamos."

                                                                                                - Blaise Pascal, in. Pensamentos

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